"Vozes do Pensamento" de Isabel Rosete
«Isabel Rosete apresentou no passado
dia 8 de Maio, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de S. Salvador, a
sua obra literária intitulada "Vozes do Pensamento", cerimónia
intimista preparada ao pormenor e impregnada de incensos e simbolismo,
momento sublime a que as canções de Zeca Afonso na voz extraordinária de
Vítor Almeida e Silva deram mais encanto e emoção em interpretações de O Andarilho que nos atrevemos a rotular de magistrais.
Vozes do Pensamento, «livro de poemas
de procura ontológica da prof. Isabel Rosete, começa com referências a
três vozes que nem a mais cordata transcultura desejaria ligar, três
vozes distintas, as de Rilke, Nietzche e Heidegger. Sobretudo a do
último, porquanto a autora, numa tese que elaborou, percebeu nele uma
preocupação onto-eco-artística (palavras suas) estando ciente de
que compreender a filosofia de Martin Heidegger não significa apenas
alterar a nossa mundivisão, mas também entender a própria Poesia como
palavra do Ser no Tempo», assim começaria por classificar a "obra" o seu
apresentador, JT Parreira, também ele brilhante numa apreciação
meticulosa e profunda.
«Isabel Rosete costuma dizer que partiu da Filosofia para a Poesia. Se quiséssemos elaborar aqui sobre um topos, diríamos
que a poeta partiu com bilhete de ida-e-volta da Floresta Negra para os
horizontes escarpados de Duíno (onde Rilke se recolheu para escutar a
poesia) e voltou ao lugar heideggeriano da sua origem. E dele terá
partido, é a minha simples hermenêutica, para o que o filósofo germânico
nunca deixou de nos propor: uma meditação ontológica» - palavras a
reter de JT Parreira para que possamos entender melhor este livro de
poesia de Isabel Rosete, numa leitura mais atenta e íntima. «Porque este
volume de poemas, digo-o desde já, procura a Poesia/o fazer poético/ no
oxímoro que é contingência e a essencialidade do Ser», numa análise em
que JT Parreira salienta «o Ser, para além das aparências; a
transparência, para além da hipocrisia», citando a própria autora.
«Nestes versos Isabel Rosete fala da
alma, da sua alma. E a sua alma exposta é a chave. Além do mais, é uma
alma generosa, porque vê para fora de si própria» - diz-nos JT Parreira
na sua análise que abre muitas janelas a uma leitura que se quererá
muito atenta.
Deste acto de elevação cultural
surpreendente, fica o convite à descoberta deste «livro que tem várias
chaves, claro que no sentido pessoano do Álvaro de Campos para abrir
portas em paredes sem porta», uma vez mais numa citação de JT Parreira
que nos presenteou, na sua profunda análise e interessante apresentação
da "obra" de Isabel Rosete, um autêntico "tratado de filosofia".
«Vozes do Pensamento é uma obra para mentes livres e
abertas, em nome do sempre novo e do Diálogo sem pré-conceitos; em nome
da Identidade e da Diferença, apanágio dos Espíritos Críticos. Na aura
das essências, se move esta escrita, numa procura constante pela
Verdade, para além das aparências, e pela Transparência, para além da
Hipocrisia. A autora caminha em demanda pela chama originária que acende
e ilumina o mais genuíno, o mais puro, o mais autêntico…» - do Convite
que nos levou à apresentação da "obra" de Isabel Rosete.»Torrão Sacramento